sábado, março 04, 2006


“Ela quer o estereotipo do romance, as manifestações de amor consagradas nos filmes e nos romances de cordel. Mas a realidade é feita de outros sinais. A vida de todos os dias é feita de outras coisas. De pijamas largos e pantufas, de olhos cansados e mãos a cheirar a cozinha. E quem se permite ser amado à luz inclemente da vida diária, vai encontrar o maior de todos os romances: a verdade daquilo que somos sem artifícios.”
A verdade é que crescemos a ouvir todas aquelas histórias de encantar, que começam com “era uma vez” e acabam com “e viveram felizes para sempre”... crescemos a acreditar na historia cor-de-rosa, como eu lhe chamo. E ninguém nos diz que a realidade é bem diferente e bem mais difícil do que os contos de fadas. Ninguém é capaz de dizer, talvez porque tenham medo de admitir ( como se se fosse proferido em voz alta se tornasse mais real ) , que por vezes o amor não é o suficiente. Quando era mais nova, ouvia muitas vezes minha mãe dizer “amor e uma cabana é só aos 18anos” e condenava o seu cepticismo, sem adivinhar que eu própria viria a acreditar no mesmo. Não me entendam mal, continuo a ser uma romântica incurável, e acho que o serei sempre, mas também sei o quão ingrata pode ser a vida. Sei que por muito que queiramos ou que amemos, por vezes, é necessário mais... Gostava de acreditar no inverso, mas se o fizesse estaria presa nos meus 16anos e com a minha inocência de volta... É o preço de crescermos... É o perdemos aquela visão tão peculiar e encantada das coisas. Mas é o ficar sempre com uma esperança de estarmos enganados. É o querer ser transportados até aquelas mesmas histórias, que ouvimos vezes sem conta e sabemos de cor. É o querer ser a personagem principal do filme de amor que tanto adoramos. É o querer sermos surpreendidos com gestos de amor, porque estes sim são intemporais. É apenas um querer e, com muita pena, um não ser.

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