terça-feira, maio 19, 2009

Beyoncé ao vivo no Pavilhão Atlântico


18 mil espectadores encheram sala para ver produção faraónica. Desde ficar suspensa do tecto a cantar os parabéns a uma fã de 14 anos, de tudo um pouco fez a rainha Beyoncé em Lisboa.

O entusiasmo com o segundo concerto de Beyoncé era ontem de tal ordem que, meia hora antes da hora marcada para o arranque do espectáculo, os gritos de excitação das fãs já se ouviam no exterior do Pavilhão Atlântico, em Lisboa. Nas primeiras filas, eram sobretudo raparigas jovens que aguardavam, com indisfarçável ansiedade, a nova visita de Beyoncé, rainha incontestada do R&B contemporâneo. No resto da plateia e nas bancadas, praticamente esgotadas por 18 mil espectadores, o público era um pouco mais maduro mas também eminentemente feminino, com muitas "single ladies" vestidas a rigor, aproveitando - e fotografando - a sua noite de farra junto ao Tejo.

Três horas depois - duas durou o concerto, que começou às 22h em vez de às 21h - o entusiasmo mantinha-se, se é que não era mesmo superior. Beyoncé trouxe a Portugal um espectáculo impressionante, com uma produção de palco milionária, engenhosa e, acima de tudo, eficaz. Ao longo do concerto, mudou de roupa numerosas vezes, mas a alternância de fatiotas, durante a qual os exímios dançarinos entretinham a plateia, era plenamente justificada pelos "actos" que se sucediam em palco: à leoa de corpete dourado que se apresentou ao público com a bombástica "Crazy In Love", logo a abrir, seguiu-se a musa quase virginal da sequência baladeira/espiritual (nem "Ave Maria" faltou) - num "maillot" branco, Beyoncé é, a certa altura, coberta por véus e tules vaporosos, igualmente alvos, que lhe colocam os bailarinos. O delírio generalizado faz-nos pensar que ou o casamento ainda é o sonho de muitas das donzelas presentes, ou que nesta breve encenação, com um mar azul turquesa em fundo, as espectadoras imaginaram ver o álbum de casamento com Jay-Z que Beyoncé guarda a sete chaves...

Mantendo um ritmo muito convincente, Beyoncé e a sua equipa ofereceriam ainda um acto "roqueiro", com "If I Were A Boy" a mostrar ser uma das canções mais populares da americana. Para interpretá-la, a grande estrela da noite apareceu de negro trajada, de calções de couro e óculos escuros, que manteve durante a versão, muito participada pelo público, de "You Oughta Know", de Alanis Morissette.

Como seria de esperar, houve também passagens pelo repertório cinematográfico de Miss Knowles, que após o êxito de Dreamgirls se lançou numa biopic de Etta James, mas o momento mais impressionante da actuação terá acontecido quando no acto "egípcio", chamemos-lhe assim mercê do cenário majestoso e ancestral, Beyoncé aparece suspensa do tecto do Pavilhão Atlântico, a uma mui respeitável altura do solo. Confessamos: tememos pela sua saúde. Mas foi em segurança e até com elegância que a plataforma que segurava a cantora a transportou até meio do público, depositando-a num pequeno estrado onde, de vestidinho dourado, Beyoncé protagonizaria alguns dos momentos mais bonitos da noite.

A poucos centímetros dos fãs em êxtase, a ex-Destiny's Child leu cartazes ("it's my birthday", "we are the single ladies"), deu voz ao povo na celebrada "Irreplaceable" e procurou mostrar, com sucesso, o lado humano de uma deusa terrena.

Antes do encore solitário, e ao final de várias ameaças, "Single Ladies (Put A Ring On It)", possivelmente o tema mais esperado da noite, fez por fim a sua aparição. A canção, cujo sucesso já foi explicado por cientistas com a relação entre a batida do tema e a crise económica (!) , teve direito a uma castiça introdução em vídeo, onde perfeitos anónimos - e também Justin Timberlake - imitam, em casa e na medida das suas possibilidades, a coreografia do vídeo.

Se desde o primeiro segundo em que o palco se iluminou, deixando à vista a sua curvilínea silhueta, Beyoncé teve o público do seu lado, esta canção instaurou definitivamente o clima de festa, com coros espontâneos de "ohohohs" a ecoarem pelo Atlântico e muitas mulheres - e alguns homens - a seguirem em estilo livre os passos de dança de um dos vídeos mais populares dos últimos tempos.

No encore, "Halo" soltou, novamente, a diva épica que há em Beyoncé, mas a maior surpresa estava reservada para depois dos agradecimentos, altura em que a cantora decidiu cantar os parabéns a três fãs que, em cartazes levados para o concerto, garantiam fazer anos ontem, 18 de Maio. As câmaras mostraram a mais jovem das aniversariantes, que ontem completava 14 anos, compreensivelmente em lágrimas.

"I am... yours!", despediu-se, triunfal, Beyoncé, depois de apresentar a banda totalmente feminina que a secundou e de desaparecer ao cimo da mesma escadaria no topo da qual surgira, duas horas antes.

À saída, na confusão do pós-concerto, apanhámos a meio um relato acalorado: "Show maravilhoso, infra-estrutura maravilhosa, humildade, agradecimento ao público...". Olhámos para trás e percebemos que as palavras saíam da boca de um fã brasileiro, exultante. A sua amiga aproveita para comparar o concerto de Beyoncé ao de Madonna. "Gaffes de Madonna aqui!", interrompe o fã. "Levou uma queda...". Não ficámos para ouvir o resto do comparativo, mas mesmo que em Beyoncé haja mais Tina Turner que Madonna, não há dúvida que, pelo empenho e pelo talento inato de Miss B., o título de rainha assentou-lhe bem na noite de ontem.


4 comentários:

silvia sabroso disse...

Deixa-me a adivinhar... ganhaste o bilhete?

Marta da Cunha e Castro disse...

Lol. Podia ser... mas não. Desta vez, foi mesmo prendinha de aniversário do Nuno :)

silvia sabroso disse...

para quem estava tristonha pq não tinha recebido prendinhas... que rica prenda!!!

Marta da Cunha e Castro disse...

Eu não disse que não tinha recebido nenhuma prendinha, disse que tinha recebido pouquinhas...